(Um
comentário ao documento “UM ENSINO SUPERIOR DE QUALIDADE” divulgado pelo MCES
em 22/Abr/03)
|
A. A realidade
O José Eduardo é um jovem físico com um
currículo muito promissor para os seus 30 anos. Licenciou-se e fez a sua
iniciação científica no Departamento de Física da Universidade de Valverde, um
dos primeiros departamentos a firmar a sua actividade científica a partir dos
anos setenta e com uma notável produção científica e fortes relações
internacionais. Neste ambiente, e com uma forte iniciativa, pode construir a
sua carreira de jovem e promissor investigador. Alguns sinais de depressão
começaram a surgir no horizonte em meados dos anos noventa. A pouca procura da
Física pelos estudantes aliada a mecanismos automáticos de cálculo da dimensão
dos quadros de professores a partir do número de alunos, levou a que o número
de docentes e a dimensão dos quadros estabilizasse primeiro e sofresse depois
redução. As consequências começaram a ser dolorosamente evidentes: um corpo
docente envelhecido e carente de renovação e uma quebra das “legítimas”
expectativas dos mais jovens: enquanto pacientemente esperavam pela sua vez
para uma desejada e merecida promoção a um escalão superior da carreira viram
as poucas vagas que iam surgindo ser devoradas pelo automatismo dos ajustes
decrescentes dos quadros. Que opções lhe restavam? Contentar-se com a sua sorte
de se manter como professor auxiliar apesar de ir acumulando um dos melhores
currículos de entre os físicos portugueses ou “emigrar”. Como era jovem,
profissionalmente agressivo e estava desejoso de assumir um papel mais autónomo
na sua profissão de docente/investigador, “emigrou” para outra universidade
algo distante das suas raízes valverdinas. Teve de pagar do seu bolso os custos
de deslocação, teve de se adaptar a uma nova cultura teve de reconstruir o seu
grupo de investigação e o seu laboratório (como rapidamente descobriu, a sua
opção é tão invulgar – e talvez indesejada - que nenhumas ajudas especiais
estão previstas). Começou de novo mas ao fim de pouco tempo sentiu-se
compensado por encontrar ter melhores oportunidades de trabalho e melhores
perspectivas de carreira. Para o Departamento de Física que deixou fica o
desconforto de perder um dos seus mais promissores jovens investigadores o que
é mal compensado pela corporativa alegria de alguns que vêm as suas oportunidades
de promoção ligeiramente melhoradas.
Esta é já hoje a realidade em muitas das
nossas instituições mais sólidas, em áreas que sentiram primeiro a quebra da
procura. Embora seja duro para os indivíduos e, face aos nossos hábitos, penoso
para as instituições, introduz uma bem necessária componente de mobilidade. Com
a paragem do crescimento, a situação aqui retratada como excepção tornar-se-á
regra e terá efeitos positivos no nosso sistema de ensino superior. Mesmo que
as vantagens não fossem tão claras, não poderíamos suster a evolução da
sociedade. Poderemos adiar a resolução do problema tornando-o maior e mais
intratável!
B. Fraquezas/forças e ameaças/oportunidades
O ensino superior português encontra-se numa
encruzilhada que merece reflexão cuidada e decisões firmes que lhe abram novas
oportunidades mas que evitem correr riscos excessivos.
B1. Pontos fracos
• Inbreeding
É universalmente reconhecido que a falta de
mobilidade dos docentes/investigadores entre as nossas instituições de ensino
superior coloca gravíssimos problemas ao desenvolvimento e ao equilíbrio
interno do sistema. Continua a haver jovens portugueses a fazer a sua formação
avançada no estrangeiro mas o seu impacto nas nossas instituições tem vindo a
decrescer rapidamente. Portugal é o único país da União Europeia onde esta
situação existe e nunca foram tomadas quaisquer medidas para a corrigir.
• Homogeneidade
Apesar das enormes diferenças de qualidade
entre as instituições do ensino superior (universitário/politécnico,
público/privado) não parece haver entre os candidatos nem entre os empregadores
uma percepção clara desta realidade. Se observarmos as missões que as
instituições se atribuem (e muitas já fizeram e tornaram público este
exercício) dificilmente encontraremos diferenças essenciais. A diferente
vocação entre o ensino universitário e o ensino politécnico é bastante
apregoada mas mal praticada e muito mal percebida.
• Pouca transparência na designação dos cursos
A concorrência entre as instituições na busca
de novos alunos levou à proliferação de novas licenciaturas para além do que o
público (e até os próprios universitários) são capazes de diferenciar. Se nas
universidades esta situação podia ser associada à autonomia de que têm gozado,
nos politécnicos a situação é ainda mais grave apesar do controlo
administrativo que mantêm.
• Debilidade do corpo docente
A aceitação do Mestrado como habilitação
suficiente na carreira docente do politécnico é incompreensível por ser
reconhecido que este grau (com uma prática corrente em que não é cumprida a
letra e o espírito da legislação) não dá uma preparação mínima para a
investigação autónoma. Alguns institutos politécnicos onde os docentes seniores
não são doutorados continuam a resistir à contratação de docentes doutorados.
Esta realidade terá a consequência de que essas instituições não poderão ir
mais longe do que uma prática de ensino de tipo liceal no futuro previsível.
Não deve tomar-se esta asserção no sentido crítico. Poderá simplesmente
significar que estas instituições assumirão a missão de estabelecimentos de
ensino superior sem investigação à imagem dos Community Colleges americanos,
Cours Préparatoires dos liceus franceses ou das planeadas teaching universities
britânicas. Assim possam atingir um elevado nível de ensino.
B2. Pontos fortes.
• Qualidade do ensino
Reconhece-se em geral que o nosso ensino
superior atinge níveis perfeitamente comparáveis com o dos países da União
Europeia. (É porventura uma das poucas áreas em que não nos situamos na cauda
desta Europa a que insistimos em pertencer.) Não é fácil provar esta asserção
já que não existem quaisquer indicadores de confiança. Contudo, o facto de os
jovens portugueses a residir no estrangeiro, por exemplo os filhos dos
funcionários portugueses da Comissão Europeia virem, na sua maioria, fazer a
sua licenciatura a Portugal parece ser um forte indicador de que esta percepção
está generalizada.
• Aceitação social
Apesar das fortíssimas críticas que o ensino
superior se tem auto-inflingido através de opiniões expressas por muitos
professores na comunicação social, parece seguro afirmar que tem ainda um forte
prestígio que se reflecte na elevada procura que se mantém.
• Qualidade da investigação
Todos os indicadores assinalam o enorme
progresso que a produção portuguesa de resultados de investigação com projecção
internacional teve nos últimos anos. O crescimento foi o máximo de todos os
países da União Europeia. As queixas que frequentemente se ouvem de que o seu
impacto no tecido económico português é diminuto pode ter mais a ver com a
fragilidade dos nosso tecido económico do que com o isolamento do ensino
superior. A baixíssima despesa privada com investigação é um claro sinal desta
debilidade.
B3. Ameaças
• Baixa demográfica
A baixa da procura a que estamos a assistir em
consequência da quebra demográfica que nos vai acompanhar ao longo dos próximos
anos está a ameaçar o modelo de desenvolvimento do ensino superior que
conhecemos nos últimos decénios. Estando habituadas a um crescimento sem
limites, as instituições encontram dificuldade em adaptar-se a esta nova fase.
A situação é particularmente difícil nos institutos politécnicos (que não
conseguiram afirmar-se como alternativa), nas instituições privadas e nas
universidade públicas que foram localizadas em regiões que se sabia não poderem
canalizar estudantes suficientes para as justificar.
• Mobilidade internacional
Independentemente do processo de Bolonha que
continua ele próprio a ganhar a sua própria dinâmica, as condições gerais da
sociedade implicam uma maior mobilidade com um número crescente de jovens a procurar
educação superior fora do seu país natal. Prevê-se que isto se acentue no
segundo ciclo de formação e muitas instituições europeias preparam-se já para
assumirem uma posição de liderança nesta área. As instituições portuguesas,
pelo menos algumas das melhor posicionadas à partida, terão de assegurar um
lugar entre esta nova elite. Só assim poderemos aspirar a ter uma balança de
trocas de “serviços de educação” razoavelmente equilibrada o que, a não
acontecer, traria mais um factor de desequilíbrio externo grave.
• Perda de competitividade na investigação
Como foi referido acima, Portugal conseguiu
nos últimos anos índices de crescimento da investigação muito interessantes,
mas a produção científica portuguesa é ainda muito baixa pelos padrões europeus.
Isto significa que teríamos de continuar este esforço para nos aproximarmos de
países mais dinâmicos como a vizinha Espanha. Não podendo este crescimento ser
obtido apenas com aumento de investimento, todo o sistema terá de ser
reorganizado de maneira a induzir um aumento de produtividade.
B4. Oportunidades
• Capacidade de resposta das instituições
As instituições de ensino superior têm dado
excelentes provas da sua capacidade de resposta quando devidamente estimuladas.
O melhor exemplo será o aumento da capacidade de acolhimento que foi, nos
últimos anos, uma consequência da fórmula de financiamento. (O facto de agora
ter de ser abandonado este objectivo não invalida a constatação de que as
instituições têm respondido muito bem.) Identificadas as direcções de
desenvolvimento estratégico, basta introduzir os mecanismos de incentivo
correctos para que o sistema siga o caminho desejado. Seria errado recorrer a
mecanismos de controlo administrativo que foram sendo abandonados em muitos
países e que sempre causam maiores resistências.
• Cultura de qualidade
Aproveitar a excelente aceitação da a
avaliação das licenciaturas (pela FUP) e da avaliação das unidades de
investigação (pela FCT) para a generalizar a avaliação a todos os programas
conducentes a grau e até mesmo aos docentes/investigadores, individualmente.
Muitos países têm já sistemas deste tipo em funcionamento e não poderemos adiar
muito mais a sua implantação.
• Processo de Bolonha
Aproveitar a dinâmica de reforma que o
processo de Bolonha nos oferece para fazer reformas que, com os incentivos
correctos, reoriente o desenvolvimento de todo o sistema de ensino superior.
C. As dificuldades políticas do momento
• Problema orçamental
A administração tem sempre, pela sua própria
natureza, um problema orçamental. Numa entidade privada, todos os estímulos são
canalizados para a baixa de custos e aumento de lucros. Na administração
pública, um aumento de orçamento é sinal de e ponto de partida para aumento de
influência. Assim o problema orçamental não é novo mas assume nesta altura
novos contornos por sermos obrigados a abandonar o crescimento a que todo o
sistema se habituou nos últimos anos. Deve acentuar-se que este problema não
resulta de um desequilíbrio ou desperdício evidente. A despesa com o ensino superior
português (em termos de fracção do PIB) não está acima da média europeia e a
despesa com investigação está ainda abaixo dessa referência. Contudo, o
abrandamento e fragilidade estrutural da economia e os conhecidos
desequilíbrios graves de outros sectores públicos (ensino não superior, saúde,
justiça) parecem forçar o sector do ensino superior a um sacrifício orçamental.
Pode ser incompreensível mas parece ser inultrapassável a decisão de forçar o
ensino superior a uma contracção orçamental enquanto se oferece um aumento
modesto ao ensino não superior, que é o único de toda a OCDE com custo por
aluno acima do superior.
• Baixa do número de estudantes
Todo o sistema de ensino superior foi sendo
desenvolvido tendo em vista um ilimitado crescimento do número de estudantes
que o procuram. Não é esta a realidade e isto é sabido há vinte anos, quando a
taxa de natalidade centrou em queda brusca. Como se não soube ou não quis
prever o problema, temos agora de enfrentar desequilíbrios graves com
instituições recentes, com corpos docentes jovens e novas instalações (por
vezes luxuosas) a ficarem desertas. A tentação óbvia é seguir a via de
regulação administrativa, o chamado planeamento centralizado que foi moda em
parte da Europa durante setenta fatídicos anos.
• Problema de governo das instituições
O governo das instituições de ensino superior
mantém um sistema herdado do período pós-revolucionário que foi, na altura,
excelente. Hoje, é um factor de inibição do bom funcionamento das instituições
mas, estando quase todos de acordo com isto, nenhum governo parece disposto a
enfrentar as naturais resistências à mudança.
• Estatuto de autonomia
O actual estatuto de autonomia das
universidades foi aprovado na Assembleia da República por unanimidade e é,
formalmente, dos mais avançados da Europa. Contudo, a falta de mecanismos de
fiscalização externos e um sistema de governo fortemente irresponsabilizante,
tem sempre levantado grandes reservas em sucessivos governos.
• Estatuto dos docentes
O estatuto da carreira docente universitária é
o produto de uma época pouco posterior à da autonomia, e o do politécnico é
pouco mais recente. Sucessivos governos reconheceram a necessidade de o
actualizar embora se estivesse sempre longe do consenso. E, sem consenso, não
houve alterações. Os tempos são, hoje, diferentes e a alteração estatutária
deveria ter em vista o aumento da governabilidade, da eficiência e da eficácia
das instituições.
D. As soluções – aspectos fundamentais
(propostas!)
Há mais acordo no diagnóstico do que no
prognóstico ou no tratamento. Quanto ao prognóstico, há muito boa gente que
acha que o sistema de ensino superior e, em geral, as sociedades são
suficientemente resilientes para que, deixadas aos seus próprios mecanismos de
fruição imediatista, vão construindo um razoável caminho de progresso. As
actuais dificuldades estruturais por que o país passa não parecem confirmar
este optimismo. A alternativa será desenhar novos estímulos que ajudem a
orientar o percurso para um destino melhor. Muitos países europeus têm
introduzido amplas reformas dos seus sistemas de ensino superior com este fim.
A inacção levará, inexoravelmente, à estagnação.
• Modelo de organização: universidades e
politécnicos
A opção não é determinante do sucesso do nosso
sistema de ensino superior. Contudo, se reconhecermos a necessidade de aumentar
a heterogeneidade da oferta aos nossos jovens, então a manutenção do actual
sistema binário será já um primeiro passo.
• Transparência da heterogeneidade
Sendo, geralmente, reconhecida a dificuldade
de diferenciar os dois subsistemas, haverá que definir melhor os seus
diferentes objectivos. Mais importante do que defini-los na lei será a criação
de estímulos que levem as instituições a encontrar as suas diferentes missões e
a perseguir os seus objectivos da maneira mais clara e eficiente. Para além do
ensino, as instituições de ensino superior são normalmente chamadas a realizar
trabalho de investigação, desenvolvimento experimental e transferência de
tecnologia, contribuindo assim para um ambiente propício à inovação. Será
necessário construir indicadores, mecanismos para a sua avaliação e incentivos
para o bom desempenho em cada um destes aspectos,
1. Ensino
2. Investigação e criação cultural (entendidas
de impacto internacional)
3. Desenvolvimento experimental (entendido em
resposta a solicitações da sociedade envolvente) e transferência de tecnologia.
Poderemos estimular as instituições a
especializarem-se em cada um destes objectivos, recolhendo os benefícios
inerentes ao seu bom desempenho. Neste quadro, nem todo o ensino se deverá
entender como associado a um ambiente de I&D. Os alunos poderão escolher,
devem ter oportunidade de escolher, qual das modalidades de ensino superior
entendem mais adaptada aos seus objectivos ou às suas capacidades. Se algumas
instituições se vierem a especializar apenas no ensino, dando um ensino de boa
qualidade, isso representará um enorme avanço em relação à situação actual em
que muitas instituições o fazem mas não o assumem como objectivo. Deveria
esperar-se que todas as universidades tivessem um desempenho razoável no item
de investigação mas a competição pelos fundos (públicos) será muito dura e
algumas poderão encontrar dificuldades. Os institutos politécnicos deveriam ser
fortemente estimulados à excelência no desenvolvimento experimental e na
transferência de tecnologia para o seu meio envolvente regional mas é claro que
muitas das universidades também continuarão a actuar nesta área com benefícios
evidentes para o país. Seria desejável que os fundos para este tipo de
actividade fossem de origem mista público/privado. Talvez não se deva ser tão
explícito nos textos legais mas apenas criar os mecanismos de avaliação que
levem as instituições a ver este objectivo como sua melhor opção. Temos já a
FUP com alguma experiência de avaliação do ensino; a FCT faz avaliação da
investigação com notável sucesso; seria necessário que a Agência de Inovação
complementasse a sua vocação para financiar o desenvolvimento experimental,
transferência de tecnologia e inovação com métodos de avaliação sistemática,
cuja falta é, hoje, uma deficiência grave.
• Autonomia e responsabilidade
As instituições mais estabilizadas atingiram
um estado de maturidade institucional que permite caminhar para uma maior autonomia
com responsabilização mais explícita dos seus responsáveis pelo sucesso na
prossecução dos objectivos definidos e pela regularidade dos métodos usados.
Num ambiente mais dinâmico e mais agressivo internacionalmente, só uma maior
autonomia permitirá a algumas universidades portuguesas guindar-se e manter-se
na primeira liga europeia. Esta autonomia não deve ser tomada como autarcia do
que o sistema actual tem o suficiente. A autonomia não significa também que o
estado fique impossibilitado de definir as suas políticas e de as fazer
cumprir, incapacidades que o sistema actual manifesta em excesso. Pelo
contrário, o estado deve ter um papel decisivo na orientação do sistema de
ensino superior e não pode deixar de se responsabilizar pelo seu sucesso ou insucesso.
Mas os mecanismos de orientação devem ser mais modernos com o objectivo de
aumentar a eficácia e a eficiência e isto significa que as instituições terão
de viver num quadro de maior autonomia mas também de maior responsabilidade
quanto aos métodos de funcionamento e, principalmente, quanto ao sucesso ou
insucesso das políticas institucionais. A autarcia absoluta seria defensável se
não fosse acompanhada de auto-financiamento; o financiador terá sempre a
responsabilidade de assegurar (perante os contribuintes e perante os cidadãos
em geral) que os fundos usados o são no sentido de atingir políticas
superiormente definidas.
• Governo das instituições
A maioria das contribuições para a discussão
pública em curso apontam no sentido do estabelecimento de órgãos de governo
mais fortes ao nível de topo e ao nível das unidades orgânicas o que significa
um papel mais importante do Reitor/Presidente. Onde há alguma divergência é no
processo de nomeação e de fiscalização do Reitor/Presidente. Há um generalizado
entusiasmo pelo modelo do board of trustees anglo-americano. A sua transposição
para a cultura portuguesa seria, contudo, de altíssimo risco. Talvez se possa
construir um modelo intermédio que dê garantias de estabilidade mas introduza
um novo dinamismo no governo das instituições.
• Ciclos e graus de ensino superior
Será muito importante manter a todo o custo a
convertibilidade entre os graus actuais e os novos. A actual licenciatura está
bem firmada e tem um nível em geral razoável como as avaliações vêm mostrando.
O doutoramento parece manter também, em geral, um bom nível, apesar de não
existirem ainda mecanismos de avaliação. Quanto ao mestrado, deve reconhecer-se
o incumprimento muito generalizado da legislação que o regulamenta. As
instituições refugiam-se no cumprimento formal dos requisitos respeitando o
período mínimo de um ano entre o início e o termo mas esquecem que os
estudantes deveriam estar em dedicação plena… Em muitos casos, os cinco dias de
trabalho semanal reduzem-se a uma sexta feira e sábado de manhã. Cumprem-se as
horas de contacto (a menos das faltas não registadas) mas esquecem-se as cerca
de 40 horas de trabalho semanal. Está muito bem como acção de educação contínua
mas dificilmente se reconverte num período sério de trabalho, pelo menos do
tipo do trabalho de licenciatura. O bacharelato parece ter perdido aceitação
social a partir do momento em que deixou de ser reconhecido como habilitação
para a docência e as universidades se desinteressaram dele. Encurralado no
ensino politécnico, não conseguiu exceder o prestígio social deste ramo de
ensino superior.
• Avaliação da qualidade
Não podemos deixar de ter um sistema de
avaliação da qualidade de todos os graus académicos. A avaliação das
licenciaturas entrou em rotina e bastará adaptá-la para que mantenha a
aceitação e o respeito público. É urgente introduzir sistemas de avaliação dos
outros graus. Para os doutoramentos é possível (e urgente) aproveitar a
experiência de avaliação da FCT para este fim. Na medida em que isso seja
exequível, as avaliações devem ter uma componente internacional.
• Acesso ao ensino superior
O trauma do numerus clausus está a desaparecer
pela inversão da relação procura/oferta, com a excepção de algumas áreas como
as da saúde e algumas poucas mais. A tentação de o suprimir pode trazer
problemas a prazo por as instituições se verem legalmente forçadas a receber um
número excessivo em certas áreas. Hoje será a saúde, a arquitectura e a
psicologia mas, amanhã, serão outras. Deve manter-se mas não deve ser usado para
o controlo centralizado do sistema. Deverá dar-se maior liberdade às
instituições para o definirem e o aplicarem dispensando-se o MCES desta ingrata
tarefa.
• Financiamento
Este é um problema eminentemente político! Em
boa teoria económica, poderiam encontrar-se razões para a partilha dos custos
entre o estado e as famílias. Terá de ser muito prudente, não só pela sua
conhecida carga emocional mas também por ser ainda desejável que a participação
dos jovens no ensino superior cresça algo mais. A haver partilha de custos, o
sistema de empréstimos poderia funcionar melhor num segundo ciclo de formação e
a justificação do benefício privado é, aqui, mais clara.
E. As soluções – Lei de Bases (propostas!)
• Organização do ensino superior
O conceito de ensino superior único, ainda que
organizado em dois subsistemas de universidade e de institutos politécnicos,
deve ser explorado até à sua última consequência de se abrir a possibilidade de
redenominação de uma instituição na consequência de avaliação e de acordo com
regras bem claras. Haverá, certamente, universidades que entrarão em
dificuldade com a manutenção do seu estatuto e institutos politécnicos que
aspirarão a converter-se em universidades pelo seu próprio mérito. Na actual
organização a orgânica de funcionamento das instituições ignora quase
completamente a existência de unidades de investigação o que é fruto da
realidade histórica de separação entre ensino superior e ciência. Deveriam ser
introduzidos mecanismos de articulação. O pessoal docente mais produtivo
cientificamente poderia ser dispensado ou ver atenuada a sua carga docente
através de mecanismos de substituição e de financiamento apropriados. Teríamos
então uma organização focada em objectivos, uma matriz em que os mesmos
recursos humanos e materiais serão usados na prossecução dos grandes objectivos
da instituição,
1. Ensino
2. Investigação e criação cultural (entendidas
de impacto internacional)
3. Desenvolvimento experimental (entendido em
resposta a solicitações da sociedade envolvente) e transferência de tecnologia,
com a ênfase relativa que a instituição
entenda definir como sua própria missão. Outras áreas de actividade como o
ensino dito pós-secundário e a educação contínua poderão, também, exigir
estruturas internas especialmente constituídas para efeito.
• Ciclos de estudos e graus
Não tem sido fácil conseguir uma legibilidade
transeuropeia dos sistemas nacionais de graus académicos sem reformas que
comportam algum risco como a italiana ou a alemã que ninguém sabe ainda avaliar
retrospectivamente. O caso francês é paradigmático, até porque todo o processo
se iniciou em Paris: A França está a fazer uma reforma global sem alterar uma
única designação nem afectar a percepção pública interna do sistema de graus. O
sistema era já porventura o mais complexo da Europa. Mantém essa
característica, mas do estrangeiro vemos já um sistema simples de ciclos,
Licence, Mastère ou Mastaire, Doctorat. Note-se que a Licence se obtém nas
universidades ao fim de 3 anos, como já acontecia. Não seria possível seguirmos
o exemplo francês e darmos legibilidade externa aos nossos graus sem afectar o
edifício bem estabelecido e bem compreendido pela sociedade em geral. Teremos
de assegurar ainda que o novo modelo facilite a mobilidade nacional e
internacional e, se possível, a profissionalização mais efectiva que muitos
reclamam.
A dificuldade está em decidir como
compatibilizar o primeiro grau de bacharelato (seguido de licenciatura) nos
politécnicos com a licenciatura das universidades. Se o reconhecimento social
do bacharelato é modesto, não parece provável que no futuro próximo os nossos
jovens procurem muito, aos dezoito anos, formações curtas de 3 anos contra as tradicionais
licenciaturas mais longas. Qualquer mudança de nomes (Licenciatura para o
actual bacharelato ou mestrado para a actual licenciatura) será vista com
desdém pela sociedade: mais uma operação de cosmética e de facilitismo!
Proponho assim que se mantenha a estrutura actual com ligeiras alterações
quando vista do exterior mas dando oportunidade a profundas alterações internas
de
1. (Sub degree – diploma – ao fim de dois anos
de estudos em qualquer instituição de ensino superior)
2. Bacharel ao fim de 3 anos,
3. (Licenciado ao fim de 4 anos, o que
tipicamente pode corresponder a um ano adicional de formação profissionalizante
na mesma ou noutra instituição)
4. Novo Master com 2 anos após o bacharelato
5. (Mestrado como formação de formato
semelhante ao efectivo actual, isto é um ano em tempo parcial)
6. Doutor com 3 anos (ou quatro?) após o novo
master.
São vantagens deste modelo:
- A introdução de um diploma que poderia
servir para pouco mais do que uma alteração de rumo, enveredando por uma
formação profissionalizante a atingir ao nível de bacharel.
- A manutenção do posicionamento actual do
bacharelato que vem de 1972, agora concedido obrigatoriamente a todos os
estudantes que o requeiram ao fim de 3 anos de estudos em qualquer instituição.
Numa versão pessimista, isto poderá permitir apenas a re-orientação dos
objectivos do estudante; numa versão mais optimista, ao tornar o grau
universal, deixaria de ter o actual estigma de politécnico e poderia retomar a
sua aceitação pela sociedade.
- Manter o título de licenciado, agora para os
bacharéis que façam um ano adicional de formação profissionalizante.
- Novo Master (difícil de denominar em
neologismo ou em tradução portuguesa) para os actuais licenciados de 5 ou mais
anos. Na prática, os engenheiros continuariam a ser engenheiros mas o grau de
suporte (que ninguém usa nem conhece) passaria de licenciatura para este novo
master.
- O Mestrado manteria o seu posicionamento e
formato (efectivo) actual. Deixaria de ser considerado um grau académico
nacional, merecendo apenas um diploma (como o actual master espanhol) sem que
ninguém tomasse disso grande nota.
- O doutoramento manter-se-ia inalterado,
embora se deva considerar a conveniência de o regulamentar num formato de
“curso de doutoramento” com um ciclo lectivo inicial e com uma duração normal
de quatro anos à imagem do que o Reino Unido está a fazer.
- A introdução de ciclos curtos de um ano (já
integrando estágio) com efeitos profissionalizantes conduziria as instituições
a preocuparem-se com este aspecto da sua função, sem prejudicar a marcha normal
(i.e. académica) da organização sucessiva de graus académicos. Todos os jovens
poderiam aos 18 anos inscrever-se no curso longo de sua preferência com a
certeza de que haveria várias oportunidades de reajuste de percurso ou de saída
profissionalizada quando a opção pessoal ou a realidade da vida o exijam. Este
ciclo curto profissionalizante poderia ainda ser oferecido como peça de
educação contínua de reorientação profissional.
- Internamente, as instituições seriam
chamadas a uma grande transformação; externamente, a sociedade poderia manter a
percepção actual do sistema de graus quase incólume.
- O sistema proposto asseguraria plenamente a
mobilidade inter-ciclo com a maioria dos países europeus que já adoptaram um
sistema do tipo Attali, 3-5-8. Talvez se conseguisse ainda manter alguma
compatibilidade com a Espanha, mesmo que esta venha a adoptar o 4+1-8, como
parece inclinada. (Neste ponto, a apresentação de Benjamin Juarez, VR da UPC,
em 29/Abril, um homem muito metido nesta problemática e muito activo na
reconversão espanhola, poderá ser muito esclarecedora.)
- Teríamos assegurada a saída
profissionalizada ao fim de 4 anos (licenciado) e ao fim de três anos (diploma
+ 1 ano = bacharel). Sem mecanismos deste tipo, não se vê como as universidades
ou os politécnicos se interessarão mais pela profissionalização dos seus
alunos.
Habilitação de entrada para a docência no
ensino superior: Não há razões, de princípio ou de realismo prático, para que
não se adopte o doutoramento como habilitação de entrada, embora possa haver a
possibilidade de, em certas áreas onde a oferta de doutorados é ainda muito
limitada, admitir assistentes (não doutorados) com contrato temporário.
F. As soluções – Leis de Autonomia (propostas!)
• Organização e autonomia
Para que as instituições, pelo menos aquelas
que se queiram expostas à competição internacional, possam responder aos
desafios num mundo em mutação mais rápida, é necessário que sejam dotadas de
maior autonomia efectiva o que, como se disse acima, não significa maior grau
de autarcia. Na área da autonomia financeira e patrimonial, a qualificação de
“fundo e serviço autónomo” é manifestamente insuficiente.
• Responsabilização
O reforço das competências e responsabilização
pessoal do Reitor/Presidente darão maior agilidade à gestão das instituições.
Isto tem de ser acompanhado de uma alteração do método de selecção dessa
personalidade.
• Governação
Só um sistema de governo mais forte pode
permitir às instituições o necessário desenvolvimento futuro. Um modelo
intermédio entre o actual (ineficaz mas bastante arreigado) e o board of
trustees (muito desejado mas difícil de implementar) poderá ser construído
mantendo o equilíbrio benefício/risco.
Uma sugestão:
Conselho de curadores de 24 elementos, 12 por
eleição interna e 12 externos. Os 12 internos seriam 6 professores, 4
estudantes e 2 funcionários; os 12 externos seriam 2 nomeados pelo MCES, 4
antigos alunos eleitos pela respectiva associação, o Reitor/presidente e mais 5
cooptados, sendo 2 antigos alunos e 3 personalidades externas conhecedoras do
ensino superior. Este órgão seria o responsável pela definição das linhas
estratégicas de actuação da instituição, reunindo uma 5 vezes por ano.
Conselho reitoral/presidencial ou Comissão
permanente do Conselho de curadores de 5 elementos, o Reitor/Presidente e
quatro membros do conselho de curadores, sendo 2 professores e 2 das
personalidades externas à instituição. Os membros deste órgão actuariam em
tempo completo ou pelo menos, a 50% no caso dos externos e reuniriam, pelo
menos, uma vez por mês. Este órgão acompanhará o Reitor/Presidente no governo
da instituição, cabendo ao Conselho de curadores a definição das suas
competências.
Comissão de escolha do Reitor/Presidente seria
constituído por 7 membros do Conselho de curadores, 3 professores, 3
personalidades externas e 1 representante do MCES.
Na boa tradição académica, devem ser mantidos
os órgãos académicos como o Conselho Científico e o Conselho Pedagógico com
composição próxima da actual mas com funções eminentemente consultivas. Ao
nível da unidade orgânica, deve introduzir-se a figura de director nomeado pelo
órgão central depois de consulta à unidade.
G. As soluções – Leis de Financiamento
(propostas!)
O financiamento das instituições tem de estar
ligado à transparência de uma fórmula, evitando-se a má experiência com
orçamentos de base histórica e a suspeição com que é justificadamente visto o
conceito de contrato programa. A fórmula deve atender ao desempenho em cada uma
das áreas centrais de intervenção da instituição,
1. Ensino
2. Investigação e criação cultural (entendidas
de impacto internacional)
3. Desenvolvimento experimental (entendido em
resposta a solicitações da sociedade envolvente) e transferência de tecnologia.
Terá de construir-se uma fórmula que satisfaça
este desiderato apontando claramente objectivos de melhoria e penalizações pela
estagnação mas que seja ainda
- suficientemente robusta para não responder
demasiado às flutuações anuais dos indicadores,
- capaz de partir da situação actual em termos
de realidade concreta das instituições e
- suficientemente discriminativa (num prazo
curto) para que algumas instituições possam realizar a sua vocação
internacional enquanto outras possam aumentar a sua utilidade para a região
onde estão inseridas.
Todos os indicadores a usar na fórmula de
financiamento têm de ser objectivos e auditados regularmente pela tutela ou
serem o resultado de processos transparentes de avaliação. Entre estes
indicadores estará, obrigatoriamente, um indicador da qualidade dos estudantes
que terminam os programas financiados. Não se devem usar indicadores que possam
induzir as instituições a baixar a qualidade para melhorar a sua posição financeira.
(Está neste caso o actual financiamento por aluno que leva as instituições a
admitir alunos que não cumprem os critérios mínimos desejáveis, quer em
classificação, quer em formação prévia, vulgo disciplinas nucleares do 12º ano.
Não se poderão introduzir parâmetros que dependam das taxas de aprovação, o que
criaria uma pressão incontrolável para aprovações sem os desejáveis níveis de
exigência. Note-se que o chamado insucesso está hoje no seu mínimo de que há
memória no ensino superior português!)
• Desequilíbrios institucionais
O ensino superior português viciou-se no mito
do crescimento perpétuo e foram criadas muitas instituições cujo projecto só é
pensável nesse quadro de excesso da oferta em relação à procura. Por outro
lado, este crescimento aparentemente assegurado distraiu as instituições de
outras áreas de actividade como a educação contínua, a reconversão
profissional, a investigação e o desenvolvimento experimental e transferência
de tecnologia. Em graus variáveis, todas as instituições apresentam
deficiências em algumas destas áreas e carecem agora de se adaptar a uma
situação nova. A situação é particularmente grave nas instituições do interior
e do sul do país assim como na Madeira e nos Açores. Era bem sabido que não
haveria localmente procura para justificar estas instituições de ensino
superior de forma continuada, mas o mito do crescimento e o entusiasmo regional
conduziram a uma situação delicada. A tendência em todo o mundo é para os
estudantes procurarem uma instituição de ensino superior próximo da sua
residência, se possível uma que não os obrigue a uma residência temporária.
Mesmo nos países europeus onde esta não era a tradição na época das bolsas para
todos, as realidades económicas ditaram as suas leis de racionalidade. Isto é verdade
para o primeiro ciclo de formação quando os estudantes não têm ideia clara dos
seus objectivos, mas altera-se à medida que começam a conhecer melhor o mundo
diverso do ensino superior e definem melhor os seus objectivos profissionais.
Portugal tem de decidir se tem disponibilidade
financeira para ter um grande número de estudantes deslocados e se pode manter
instituições menos eficientes na utilização dos recursos disponíveis. Nesta
opção, deverão ser criados mecanismos artificiais de apoio às instituições mais
frágeis e normas de planeamento centralizado que empurrem os estudantes para
lugares onde não gostariam de ir. Infelizmente, isto pode significar um
financiamento das instituições mais dinâmicas que fique aquém do nível
necessário para manterem um nível internacional. É uma escolha política cujo
preço será a manutenção do subdesenvolvimento de todo o nosso ensino superior
que obrigará os nossos filhos mais capazes e mais exigentes a procurarem
educação noutras paragens. Irão fazê-lo!
A alternativa é a criação de estímulos à
especialização das instituições. Nessa altura, uma instituição numa região
menos povoada poderá oferecer os perfis de formação mais procurados (para os
quais terá um número suficiente de estudantes) e oferecer um primeiro ciclo de
educação mais generalista a estudantes que depois vão prosseguir os seus
estudos algures num segundo ciclo mais curto que o primeiro. Num modelo de
especialização em
1. Ensino,
2. Investigação e criação cultural (entendidas
de impacto internacional),
3. Desenvolvimento experimental (entendido em
resposta a solicitações da sociedade envolvente) e transferência de tecnologia,
Cada instituição adoptará o perfil de
especialização mais apropriado às suas condições de modo a prestar o serviço de
melhor qualidade ao seu público.
Visitando, há poucas semanas, uma universidade
insular, fiquei surpreendido pelo entusiasmo de alguns jovens
docentes/investigadores do departamento de química que estão a considerar
problemas com o vinho regional. A visita era de avaliação da investigação por
padrões internacionais. O entusiasmo é muito importante mas poderá não ser
suficiente face às dificuldades resultantes da falta de meios humanos e
materiais. Equipamentos de maior vulto teriam uma utilização muito baixa, mesmo
que a compra e a utilização fosse conjugada com todos os potenciais
interessados da região. Muito naturalmente, o trabalho possível e as
necessidades do meio envolvente são mais do foro do desenvolvimento
experimental do que da investigação de nível internacional. A insistência em
apresentarem-se como investigadores levará ao resultado provável de não serem
eficazes nem na investigação nem no desenvolvimento experimental. Ficarão,
então, na delicada situação de conflito inultrapassável entre as solicitações locais
e as avaliações internacionais. O resultado provável será muito desperdício e
muita frustração!
Naturalmente, algumas destas instituições com
falta de estudantes poderão dar mais atenção à investigação mas tal deverá ser
o resultado de um quadro nacional de incentivo à investigação de alto nível e
só excepcionalmente poderão ser aceitáveis apoios especiais e estes só serão
justificados se oferecidos por autoridades regionais ou por fundos de
desenvolvimento regional.
O conjunto do nosso ensino superior só poderá
ser mais competitivo e de melhor qualidade se for, todo ele, posto perante um
quadro de concorrência com incentivos fortes e indicadores claros relativamente
aos objectivos que queiram ver-se atingidos.
file:///Users/janfgMac/Library/Mail/V4/5135DB39-1D7B-4B66-A789-AE968956BF67/OutBox(06Mar13).mbox/403B51D5-3ECE-4C1C-904C-CD498803BA8C/Data/3/4/Attachments/43320/2.2/Nuno/MCTES%20-%20Ministe%CC%81rio%20da%20Cie%CC%82ncia,%20Tecnologia%20e%20Ensino%20Superior.htm,
recuperado em 02 de dezembro de 2016
(Um comentário ao documento “UM ENSINO
SUPERIOR DE QUALIDADE” divulgado pelo MCES em 22/Abr/03)
José Ferreira Gomes, Universidade do Porto,
14/Mai/2003
Sem comentários:
Enviar um comentário