David J. Thouless, F. Duncan M. Haldane and J. Michael Kosterlitz,
nascidos na Escócia, Inglaterra e Escócia, respetivamente.
Química: Desenho e síntese de máquinas moleculares,
JeanPierre Sauvage, Sir J. Fraser Stoddart and Bernard L. Feringa,
nascidos na França, Escócia e Holanda, respetivamente.
Mais uma vez, os prémios Nobel da Física e da Química
vêm mostrar como o trabalho de investigação científica
desinteressado que apenas responde à curiosidade humana
no que ela pode ter de mais ambicioso, pode conduzir ao
progresso do bem-estar da humanidade. Estas descobertas
mostram os desafios apaixonantes que se mantêm em
aberto para os físicos e confirmam que o sonho é o limite
do que um químico pode fazer.
O prémio Nobel da Física distinguiu o trabalho teórico,
usando métodos matemáticos avançados para estudar
estados da matéria diferentes do que nos é normalmente
mais acessível. Supercondutores, superfluidos e filmes
magnéticos são palavras que estão já próximo da nossa
linguagem comum, mas que traduzem comportamentos
estranhos por exigirem condições físicas de observação
distantes das vigentes na nossa área de experiência direta
à superfície da Terra. São desenvolvimentos em que o
trabalho experimental no laboratório e o trabalho teórico
com o uso de novos conceitos matemáticos ocorrem em
paralelo.
Os resultados ou conjeturas teóricas carecem de
confirmação experimental, mas os resultados experimentais
aguardam frequentemente uma interpretação teórica para
que possam ser plenamente explorados. A topologia é uma
área da matemática que estuda as propriedades do espaço que
são preservadas sob uma deformação contínua, podemos
dobrar ou esticar, mas não cortar ou colar. O interesse
atual depende não só das aplicações já concretizadas, mas
também da esperança de que estes materiais possam ser
usados em eletrónica de novas gerações e até em futuros
computadores quânticos.
O prémio da Química reconhece a realização do velho
sonho de comandarmos os movimentos das moléculas e de
que estas realizem certas tarefas pela aplicação de energia.
O comité Nobel distingue o passo inicial de Sauvage, em
1983, ao conseguir ligar duas moléculas em anel num
chamado catenano (ver figura acima). É o facto de as duas
partes se poderem mover, uma em relação à outra, que lhes
permite executar uma tarefa. O rotaxano foi preparado por
Stoddart em 1991. O passo final de criação do chamado
motor molecular foi dado por Feringa em 1999. (Figuras adaptada de https://www.nobelprize.org.)
A figura mostra o automóvel de tração às 4 rodas
preparado pelo grupo de Feringa em 2014. Com os 4 motores
a funcionar como rodas, o chassis do automóvel avança
no plano. Este dispositivo está hoje no estado em que os
motores elétricos estavam na década a seguir às descobertas
de Ampère e Faraday do electromagnetismo por volta de
1820, sendo impossível prever as suas aplicações futuras.
Os chamados motores moleculares abrem possibilidades
que hoje estão para além da ficção científica.
José Ferreira Gomes, Editor-chefe
Revista de Ciência Elementar, Vol. 4, N. 2-3, pag. 4 (2016)
http://rce.casadasciencias.org/
http://rce.casadasciencias.org/
Sem comentários:
Enviar um comentário