A Revista de Ciência Elementar está pensada como veículo
de diálogo da comunidade de língua portuguesa interessada
na Ciência e no seu ensino ou divulgação. O público alvo é
primariamente o conjunto dos professores do ensino básico
e secundário e todos os seus alunos, dos zero aos 18 anos!
A Ciência é o sistema de compreensão do mundo. Como
tal, fornece as ferramentas de que todos precisamos para
compreender, apreciar e usar o ambiente em que nos é dado
viver. O conhecimento científico resulta da acumulação do
conhecimento que foi sendo adquirido pela observação, pela
experimentação, pela crítica, pela identificação e correção
de erros. Conhecemos documentação escrita desde 3000
a.C. na Mesopotâmia e desde 1500 a.C. no Rio Amarelo.
A nossa civilização atual depende do conhecimento
acumulado desde estas primeiras civilizações urbanas
onde as mais valias extraídas da agricultura sedentária
permitiram o ócio criador de cultura.
Este número permite a troca de experiências muito ricas
que devem estimular todos os leitores a ver melhor o
mundo que nos rodeia e guiar os outros, especialmente
os seus alunos, a criarem hábitos de observação crítica e
aberta ao reconhecimento do erro e à sua correção. Jorge
Canhoto faz a ligação entre a moderna clonagem de plantas
e os métodos antiquíssimos de seleção e melhoramento.
Numa linguagem simples mas rigorosa, explica-nos estas
técnicas e permite-nos compreender a diferença entre um
embrião zigótico e um embrião somático e a razão porque
os nossos lavradores usaram estes últimos desde sempre.
Luís Vítor Duarte leva-nos ao Faroeste Americano para
nos ajudar a ver as paisagens exóticas mais surpreendentes.
Nas suas palavras, estes lugares (ou, pelo menos, as suas
imagens) satisfazem a nossa ânsia de experienciar sensações
e permitem-nos ver a geologia como deve ser vista, “ao
vivo e a cores”! Esta ânsia é comum a adultos e a jovens,
a professores e a alunos. Todos partilhamos a curiosidade
pelo desconhecido, todos nos encantamos com a surpresa.
Mas podemos aprender a ir mais longe no encantamento
pela beleza da paisagem e temos de aprender a ver mais
fundo para apreciar melhor essa beleza. Luís Vítor Duarte
explica-nos como a natureza pode moldar aquelas formas
impressionantes. Esta compreensão só pode reforçar o
nosso encantamento!
Somos depois levados por Patrícia Costa a uma visita guiada
ao Museu da ISEP (Instituto Superior de Engenharia do
Instituto Politécnico do Porto), uma escola de engenharia
com fortíssimas raízes na história do ensino em Portugal.
É herdeira da Escola Industrial do Porto, criada em 1852
por Fontes Pereira de Melo como instrumento para os
“melhoramentos materiais” com que quis transformar o
país. Tem um espólio valiosíssimo que evidencia o esforço
de modernização do país na segunda metade do século XIX.
As experiências partilhadas no “Gosto de Ensinar” são
particularmente ricas e dão excelentes pistas para o trabalho
dos professores que no dia a dia motivam os seus alunos
de todas as idades para a forma como a Ciência enriquece
a nossa forma de ver o mundo. Hélder Pereira leva-nos a
bordo do JOIDES para percebermos o desafio de conhecer
o mar numa recriação que se quer mais profissional e
determinada mas igualmente bem sucedida das viagens
exploratórias do interior africano de Capelo e Ivens no
último quartel do século XIX. Manuela Lopes mostra como
a paisagem na nossa vizinhança imediata pode servir de
laboratório escolar para uma multiplicidade de observações,
experimentações e aprendizagens. Cornélia Castro e Paulo
Sanches partilham atitudes inovadoras para a sala de aula
de Física e Química.
A exploração das competências digitais dos mais jovens põe
um desafio de adaptação ao professor que Cornélia Castro
discute. A percepção das escalas espaciais e temporais é
particularmente difícil e Paulo Sanches sugere uma forma
simples de chegar aos mais jovens.
Finalmente, a comprovada competência pedagógica de
Carlos Corrêa leva-nos a revisitar conceitos de Química
cujo uso corrente procura ultrapassar ou evitar a dificuldade
conceptual, convidando os professores a uma reflexão mais
aprofundada.
Revista de Ciência Elementar, ISSN 2183-1270
http://rce.casadasciencias.org/, Vol. 4 (2016), Nº 1, p. 5
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