Ano
Internacional da Tabela Periódica
A
UNESCO e a IUPAC lançam a 29 de janeiro, em Paris a celebração dos 150 anos da
Tabela Periódica dos elementos químicos. Portugal participa nesta celebração em
Paris e todo o país se associa com eventos em 12 cidades, envolvendo vários
milhares de jovens alunos do ensino básico e secundário que estarão na rua para
apresentar tabelas periódicas humanas. No sesquicentenário da proposta original
do químico russo Dmitri Mendeleiev, o braço de educação e cultura da
Organização das Nações Unidas (UNESCO) e o organismo não governamental
internacional de regulação da química (IUPAC) lançaram o Ano Internacional da
Tabela Periódica. Em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Química assumiu a
responsabilidade de organizar esta celebração com um vasto programa que decorrerá
ao longo do ano e pode ser consultado em www.aitp2019.pt.
A
Tabela Periódica de Mendeleiev deu uma organização aos elementos químicos então
conhecidos. É notável como um químico de São Petersburgo, natural de Tobolsk, na
Sibéria, nos primórdios da química, pôde ter o rasgo de organizar os elementos
conhecidos pela ordem crescente das suas massas atómicas, verificando a notável
regularidade de várias propriedades e prevendo a existência de quatro novos
elementos apenas pelas lacunas que encontrou na sua tabela. Assim se deram
importantes passos no avanço da ciência. Começando por notar a regularidade de
algumas observações, o cientista é levado a extrapolar, a prever comportamentos
desconhecidos que ficam a aguardar confirmação experimental. Só a verificação
da tese proposta leva à aceitação do modelo teórico e ao avanço definitivo para
um novo nível de conhecimento. Assim aconteceu com Mendeleiev com a sua
comunicação de 6 de março de 1869, em russo, e a publicação numa revista local
pouco conhecida. Só a publicação de uma breve nota na revista alemã Zeitschrift für Chemie veio a dar
visibilidade e mais tarde reconhecimento a esta proposta.
O
Ano Internacional da Tabela Periódica declarado pelas Nações Unidas em 2019
surge na sequência do Ano Internacional da Química em 2011, do Ano
Internacional da Cristalografia em 2014 e do Ano Internacional da Luz em 2015 é
visto pelas instituições internacionais como um meio de chamar a atenção para
as ciências exatas e para a sua enorme relevância na educação dos mais novos. A
ideia de que é possível organizar numa tabela simples os 94 elementos
existentes na terra e em todo o universo e ainda os outros 24 que já foram
criados artificialmente e bem identificados.
A
maioria dos átomos dos elementos é criada recorrentemente no interior das
estrelas, mas na terra temos de nos contentar com o que recebemos da época
primordial da sua formação. Um simples telemóvel contém mais de 30 elementos,
alguns muito escassos e difíceis de obter. Se são conhecidos os conflitos
militares desencadeados pela riqueza petrolífera, começa a haver ameaças de
conflitos internacionais pelo acesso a elementos raros, mas cruciais para as
tecnologias modernas.
Os
alunos que estão na rua em 29 de janeiro associam-se às celebrações que estão a
decorrer em todo o mundo, também para sensibilizar a sociedade para a
importância de uma economia circular que use e re-aproveite os elementos
químicos.
Todo o universo numa tabela de 118 elementos químicos, in Jornal Público, 29 de Janeiro de 2019
José Ferreira Gomes
Comissário Nacional
Ano Internacional da Tabela Periódica
Sem comentários:
Enviar um comentário