Editorial
Nos últimos 20 anos, temos feito um enorme esforço para manter na escola todos os jovens até aos 18 anos. De facto, a taxa de abandono escolar precoce estava próxima dos 50% no início do século e baixou de forma sustentada até perto dos 10%, o alvo proposto para 2020. Isto exigiu um enorme trabalho das escolas e uma notável capacidade de adaptação dos professores. A população escolar é hoje diferente daquela que estava nas escolas e aceita desafios muito diferentes. A insistência na via escolar única, a “liceal”, era rejeitada por muitos que não se sentiam acolhidos e abandonavam a escola. O quadro seguinte apresenta o nível educativo da população de 25 a 29 anos dos diferentes países europeus, segundo o Eurostat com dados dos censos de 2011. (O nível 3-4 corresponde ao secundário e o nível 5- 8 ao TeSP, licenciado, mestre e doutorado.)
Nos últimos 20 anos, temos feito um enorme esforço para manter na escola todos os jovens até aos 18 anos. De facto, a taxa de abandono escolar precoce estava próxima dos 50% no início do século e baixou de forma sustentada até perto dos 10%, o alvo proposto para 2020. Isto exigiu um enorme trabalho das escolas e uma notável capacidade de adaptação dos professores. A população escolar é hoje diferente daquela que estava nas escolas e aceita desafios muito diferentes. A insistência na via escolar única, a “liceal”, era rejeitada por muitos que não se sentiam acolhidos e abandonavam a escola. O quadro seguinte apresenta o nível educativo da população de 25 a 29 anos dos diferentes países europeus, segundo o Eurostat com dados dos censos de 2011. (O nível 3-4 corresponde ao secundário e o nível 5- 8 ao TeSP, licenciado, mestre e doutorado.)
Portugal (e Espanha) estava(m) ainda longe da média da União Europeia com
um enorme excesso de população não qualificada. Os níveis 3-4 têm de ser
reforçados, especialmente as vias profissionalizantes do secundário. Note-se
que países como a Espanha e a França têm uma forte presença do nível 5 (TeSP em
Portugal) que explica a alta taxa de qualificação superior. Os perfis
educativos com forte componente científica são a base para as qualificações
profissionais técnicas que são as mais procuradas no mercado de trabalho ao
nível 4 (secundário profissional) ou a um nível superior. A desejada
transformação da nossa economia com o reforço da produção de bens
transacionáveis (exportações) exige uma melhor qualificação técnica dos mais
jovens e uma aproximação entre os seus percursos educativos e os setores mais
dinâmicos da economia, especialmente das empresas das suas regiões. Isto
traduz-se num esforço adicional das escolas e dos professores para encontrarem
os nichos de educação e formação mais relevantes para cada um dos seus alunos.
A diversificação dos percursos educativos, especialmente ao nível
secundário exige um esforço adicional para a proposta de estratégias de
aprendizagem e dos próprios objetivos na matemática e nas ciências. A
tradicional “dificuldade” de muitos alunos pode resultar do desajuste entre os
seus objetivos e a proposta dos programas e do professor. Em comparação
internacional, temos feito progresso na matemática (em jovens de 15 anos,
exercício PISA da OCDE). Na generalidade dos países, os objetivos propostos
para o secundário em matemática e ciências variam muito conforme a via
escolhida pelos alunos. Entre nós este caminho foi iniciado com perto de 50%
dos jovens a escolherem a via mais académica (cientifico-humanística) que é
fortemente regulamentada e merece toda a atenção pública e política. As vias
profissionais deveriam merecer a mesma atenção, quer pelos muitos jovens cujo
futuro depende do trabalho aí feito, quer pelo impacto social e económico da
formação profissionalizante que aí devem receber.
José Ferreira Gomes
Editor
Editorial da Revista de Ciência Elementar, Vol. 7, nº 3, setembro/2019
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