Resumo
Portugal teve uma recuperação rápida do atraso histórico que registava e poderá atingir o objetivo de 10% de abandono escolar precoce em 2020.
Convencionalmente,
o abandono escolar precoce é medido pela percentagem dos jovens de 18 a 24 anos
que já não estão a estudar sem terem completado o ensino secundário. Nos
últimos anos, Portugal teve uma notável recuperação neste indicador. Uma
extrapolação exponencial simplista permite prever que o objetivo de 10% para
2020 será atingido, estando nessa altura numa situação similar à da média
europeia.
Este indicador
esconde a enorme transformação que ocorreu na vida das nossas escolas
secundárias que tiveram de se preparar para receber (quase) todos os jovens
agora atingidos pela obrigatoriedade de permanecer na escola até aos 18 anos.
Se a percentagem dos jovens que terminam o ensino secundário pela via
cientifico-humanística teve neste período um crescimento muito modesto, a
grande inovação deu-se na expansão das vias profissionais e vocacionais. O
objetivo é ter cerca de 50% dos jovens a seguir as vias profissionalizantes o
que ainda não foi atingido.
Há sinais bastante
robustos de que este processo decorreu mantendo-se uma boa qualidade do ensino
que até poderá ter melhorado a fazer fé nos indicadores internacionais PISA,
TIMSS e PIRLS. A enorme visibilidade dos exames nacionais dá também uma
garantia de transparência na preocupação com a qualidade do ensino.
Infelizmente, é muito mais difícil avaliar o sucesso do ensino nas vias
profissionais e vocacionais.
Terminada esta fase
de recuperação do atraso histórico, teremos certamente de dar mais atenção à
qualidade do ensino em todas as suas vias. A via cientifico-humanística
mantém-se aberta à crítica pelos professores do ensino superior sempre
insatisfeitos com a bagagem dos estudantes que ali chegam. Nas vias
profissionalizantes, a medida última é dada pelo sucesso dos seus diplomados
que optam pela entrada imediata no mundo do trabalho. Aqueles que decidem
continuar imediatamente o seu percurso escolar precisarão de um apoio adicional
ao estilo das “passerelles” francesas
ou dos bridging courses americanos
para se juntarem aos colegas que tinham já optado por um percurso educativo
mais longo. Um novo desafio para as escolas no apoio ao sucesso dos seus
alunos.
DOI doi.org/10.24927/rce2017.030
A versão impressa ISSN 2183-9697 é enviada gratuitamente aos colaboradores regulares da Casa das Ciências e pode ser recebida pelo correio mediante o pagamento das despesas de preparação e envio, €10 para os quatro números de um ano.
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